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Fonte: www.dw.com/raizesafricanas
Abla Pokou conduziu o seu povo Akan do Gana moderno para a Costa do Marfim por volta de 1770, onde fundou a nação Baoulé. Reza a lenda que sacrificou o seu único filho para que o seu povo pudesse atravessar um rio.
Nascimento: Abla Pokou nasceu no início do século XVIII. Era sobrinha do Rei Osei Tutu, co-fundador do Império Ashanti no atual Gana. Quando o rei morreu, eclodiu uma guerra de sucessão e Dakon, o segundo irmão de Abla Pokou, que era um dos herdeiros do trono, foi morto. Temendo pela sua vida e pela sua, Abla Pokou fugiu.
Quem a acompanhou na sua fuga?
Abla Pokou fugiu com todas as pessoas que eram leais a Dakon e que se recusaram a ver Opokou Ware no trono. Ela reuniu uma enorme caravana e conduziu o povo em direção ao território que é hoje a Costa do Marfim.
Como é que Abla Pokou viajou até à Costa do Marfim?
Reza a lenda que, durante a sua fuga, a Rainha Abla Pokou e os seus seguidores tiveram problemas para atravessar o rio Comoé, uma fronteira natural entre o atual Gana e a Costa do Marfim.
Reza a lenda que Abla Pokou sacrificou o seu único filho para que o seu povo pudesse atravessar um rio
O rio estava no seu nível mais alto devido às constantes chuvas, pelo que estava intransitável. A rainha Abla Pokou consultou um homem sábio que acompanhava o grupo, que lhe disse que para os deixar atravessar para a outra margem, os deuses do rio exigiam que uma criança de sangue nobre fosse sacrificada. Então, Abla Pokou atirou o seu filho, que desapareceu nas ondas.
Ainda segundo a lenda, algo incrível aconteceu: as árvores na margem dobraram os seus troncos para fazer uma ponte. Outra versão diz que enormes hipopótamos apareceram e alinharam-se para criar uma passagem para a comitiva de Abla Pokou atravessar o rio.
Após a travessia, Abla Pokou lamentou o sucedido, gritando “Bâwouli”, que significa “A criança está morta”. Diz-se que pode ter sido esta a frase que deu origem ao nome do povo Baoulé (“bawouli”).
Terá Abla Pokou sacrificado, de facto, o seu filho?
Em entrevista à DW, o professor Kouamé René Allou diz que não. “A Rainha Abla Pokou provavelmente não sacrificou a criança”, até porque, explica, “há alturas do ano em que o rio Comoé é tão baixo que se consegue atravessar, graças às rochas que aparecem à superfície”. Foi provavelmente o que o povo Baoulé fez, de acordo também com outras fontes.
Abla Pokou fundou a nação Baoulé na Costa do Marfim
Onde se estabeleceu exatamente Abla Pokou à chegada à Costa do Marfim?
A rainha Abla Pokou viveu em Namounou, na área de Bwake, não muito longe da aldeia de Akawa. Namounou significa “Cuidar da mãe”, ou seja, naquele sítio, as pessoas deviam cuidar de Abla Pokou.
Infelizmente, a aldeia de Namounou ficou deserta quando a rainha morreu. Ela foi enterrada no rio N’ draba. E Akawa Boni, que lhe sucedeu, instalou-se em Sakassou.
Legado: A rainha Abla Pokou ainda é celebrada em literatura oral e escrita no Gana e na Costa do Marfim, mas existem poucas representações suas. Não há nenhum monumento nem museu em sua memória, exceto uma estátua de metal na praça “République”, em Abidjan. No entanto, na indústria da moda, alguns designers criaram estilos com o nome da famosa rainha Abla Pokou.
O parecer científico sobre este artigo foi fornecido pelos historiadores professor DoulayeKonaté, Lily Mafela, Ph.D. e professor Christopher Ogbogbo. A série “Raízes Africanas” é apoiada pela Fundação Gerda Henkel.