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Henri Fotso
20/03/202120 de março de 2021
Embora Njoya Ibrahim tenha chegado ao trono na mesma altura em que os alemães se impunham nos Camarões, o Sultão Njoya conseguiu reinar com relativa liberdade. O Rei de Bamun ficou conhecido por ser um pacifista e um grande inventor.
Nascimento: Njoya Ibrahim nasceu provavelmente em 1876 e tinha apenas três anos quando o seu pai Nsangou morreu no campo de batalha. De 1879 a 1887, a sua mãe Na Njapdnunke assegurou a regência com o servo Gbetnkom Ndombu. Nesta altura, e com apenas 11 anos de idade, Njoya acedeu ao trono, tornando-se no 17º rei da dinastia Ncharé Yen – o seu reinado durou 46 anos até 30 de maio de 1933, quando morreu no exílio em Yaoundé, capital dos Camarões.
Que tipo de rei era Njoya Ibrahim?
Ao contrário dos seus predecessores, o rei de Bamun era pacífico. Entrou no campo de batalha apenas quando assim teve de ser. Obcecado pelo poder, o antigo servo Gbetnkom Ndombu, que assegurou a regência após a morte do seu pai, decidiu formar um exército para derrubar o reinado de Njoya Ibrahim. Como resultado, o reino viveu uma guerra civil que durou três anos. Njoya saiu vencedor em 1895 graças ao rei Fula de Banyo, o Sultão Oumarou, que veio do norte do país para o ajudar.
O que tornou grande o reino de Njoya Ibrahim?
Njoya Ibrahim foi um rei carismático e pacifista, mas também um grande inventor. Por volta de 1915, criou uma religião inspirada no Islão, no Cristianismo e nas crenças tradicionais. Os princípios fundadores estão escritos no Nkuet Kwate (que significa “perseguir e alcançar”), também chamado Bíblia do Rei. Este livro é escrito em A-Ka-U-Ku, um sistema de escrita inventado pelo próprio Sultão Njoya, que deriva da língua shü-mom. Njoya escreveu ainda quinze livros (incluindo romances) e uma enciclopédia sobre a farmacopeia tradicional.
Além disso, inventou uma máquina para moer milho e promoveu o desenvolvimento das artes no seu povo. A capital, Foumban, é hoje a cidade das artes. No seu coração está o palácio construído pelo Sultão Njoya, que se tornou parte do Património Mundial da UNESCO.
Como era a relação de Njoya Ibrahim com os colonos?
Ao contrário de Rudolf Douala Manga Bell, Njoya Ibrahim não lutou contra os colonos. Em 1906, por exemplo, aliou-se aos alemães que lutavam contra os Banso, que tinham matado o seu pai e guardado o seu crânio como troféu. Esta aliança pode ser considerada como um ponto de partida para as boas relações entre os colonos alemães e o povo Bamun. Em 1908, o Sultão Njoya Ibrahim até enviou o seu trono como presente de aniversário ao Imperador William II. Hoje, o trono está exposto no Museu Etnológico de Berlim. Njoya também deu uma das suas esposas (ainda virgem) a Jesko von Puttkamer, que governava a então colónia chamada “Kamerun”. Uma rapariga chamada Elise nasceu da sua união.
No entanto, e enquanto as relações entre os alemães e os Bamuns eram, em geral, tranquilas, as coisas mudaram com a chegada dos franceses, após a Primeira Guerra Mundial. A administração francesa pôs fim ao reinado do Sultão Njoya, deportando-o para Yaoundé (por razões ainda não esclarecidas). Diz-se que ele terá morrido de tristeza no dia 30 de Maio de 1933, depois de ter passado três anos em prisão domiciliária.
Frases famosas:
“É melhor morrer do que viver na vergonha”. Diz-se que esta frase explica como Njoya Ibrahim preferiu morrer exilado em Yaoundé do que ser saudado como um ex-prisioneiro no seu reino.
“Se alguém te ultrapassar, aprende a agarrar na mala e ir atrás”. Este lema levou-o a comprometer-se com os primeiros colonos alemães no seu reino.
“Não deixes que outras pessoas hajam por ti”. Segundo Oumarou Nsangou, professor da língua shü-mom, esta citação lembra o filósofo Immanuel Kant que recomendou “ousa pensar por ti mesmo”.
O parecer científico sobre este artigo foi fornecido pelos historiadores professor DoulayeKonaté, Lily Mafela, Ph.D. e professor Christopher Ogbogbo. A série “Raízes Africanas” é apoiada pela Fundação Gerda Henkel.