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Dedicou a sua vida à luta pelos direitos das mulheres e à educação na África do Sul, no entanto, os esforços de Charlotte Maxeke nem sempre foram reconhecidos. O seu trabalho está agora a ser redescoberto e divulgado.
Nasceu: a 7 de abril de 1871, ou talvez em 1874. Não há consenso acerca do ano e local de nascimento de Charlotte Mannya Maxeke. Alguns afirmam que ela nasceu em Fort Beaufort, na província do Cabo Oriental, outros dizem que foi em Ramokgopa, no distrito de Polokwane, na província de Limpopo. Já a data da sua morte é clara. Charlotte Maxeke morreu a 16 de outubro de 1939.
Reconhecida por: várias coisas. A sua voz, o seu trabalho pela igreja e a sua dedicação aos direitos das mulheres, as suas excecionais habilidades de oratória… Mas ela é principalmente reconhecida por ter sido a primeira mulher negra africana a ir para a universidade e a obter um diploma. A sua missão pessoal passava por compartilhar os seus conhecimentos com as crianças, por isso, construiu uma escola em Evaton, no sul de Joanesburgo.
Papel pioneiro: Maxeke foi um dos primeiros membros do Congresso Nacional Africano (ANC). Foi também um dos primeiros membros femininos do partido e, – algo que a história deixou escapar – foi a única mulher presente no lançamento do ANC em 1912. No lançamento do Projeto “Maxeke Memory”, em outubro de 2015, o então vice-presidente do ANC, Cyril Ramaphosa, disse que Charlotte era uma grande oradora e que um dos primeiros Presidentes do ANC, Mahabane, se juntou ao partido após a ter ouvido falar. Em 1918, Maxeke lançou a Liga Feminina Bantu que mais tarde se tornaria a Liga das Mulheres do ANC (African National Congress – Congresso Nacional Africano).
No início da década de 1920, quando as mulheres brancas raramente eram chamadas para desempenhar esse papel, Charlotte foi chamada pelo Ministério da Educação de Joanesburgo para testemunhar como especialista em alguns assuntos. Acabou por ficar a trabalhar como perita no Tribunal de Menores.
Frases Famosas:
“Deixem-me dizer-vos isto meninas: É a beleza do coração e o bom comportamento que durará até que vão para o túmulo. A beleza é adorável quando acompanhada por outras coisas boas. Tentem exercitar o auto-controlo.”
Aos homens ela disse: “Queremos homens que sejam a salvação das jovens da sua nação, que possam depender da sua presença; precisamos de homens que se humilhem para que a nação os levante para ser as estrelas de África para as gerações futuras. É isso que a África quer. É para isso que as mulheres da África choram e rezam.”
Legado: O trabalho de Charlotte Mannya Maxeke foi um ponto de viragem extremamente importante para a organização das mulheres e a luta contínua pelos seus direitos na África do Sul. O seu status de “a única mulher africana formada na África do Sul” (citado pelo ex-presidente do Malawi, Hastings Kamuzu Banda) e o respeito que ela impôs aos líderes africanos e europeus da época significavam que ela inspirava não apenas as mulheres, mas também “gerações de líderes masculinos”. (citação do Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa). Líderes que aspiravam educação e autonomia para todos os sul-africanos.
Charlotte Mannya Maxeke tinha uma voz de anjo, diziam os compatriotas sul-africanos. Em 1891, deixou a África do Sul para cantar pelo mundo fora com o chamado “Coro Nativo Africano”, um grupo muito popular entre o público na Grã-Bretanha e, mais tarde, nos Estados Unidos da América.
Segundo algumas fontes, o líder do coro fugiu com os lucros, deixando os cantores abandonados nos EUA. Nesta que é considerada uma reviravolta no destino de Maxeque, um ex-missionário africano convida-a para estudar na Universidade Wilberforce – uma das primeiras faculdades dos Estados Unidos destinadas a negros. Alguns dos mais ilustres intelectuais afro-americanos do país estudaram nesta instituição.
Aluna brilhante
Em 1901, Maxeke tornou-se a primeira mulher sul-africana negra a obter um diploma universitário. Mas, no seu regresso a casa, ela trouxe bem mais do que apenas um canudo. Maxeke estava determinada a melhorar a situação dos negros e das mulheres na África do Sul.
Charlotte Maxeque com o seu professor W.E.B Dubois, uma inspiração para ela
Zubeida Jaffer, jornalista sul-africana, dedica a sua carreira a promover o papel pioneiro das mulheres como Maxeke na história da África do Sul. Em entrevista à DW explica que uma das inspirações de Maxeke foi um dos seus professores. “W.E.B. Dubois é a figura do final do século XIX. Ele foi o filósofo e o pensador político na vanguarda do pan-africanismo. Ele escreve sobre Maxeke e tece-lhe muitos elogios”, afirma.
No entender de Zubeida Jaffer, o conhecimento acerca do trabalho destas mulheres, que começaram a lutar por direitos iguais no início de 1900, é muito escasso. A jornalista explica que: “naquela época não era dado às mulheres o devido lugar. A história da resistência foi contada à volta de figuras masculinas. Começou-se a falar das mulheres envolvidas apenas nos anos cinquenta porque, suponho, seria a memória mais próxima”.
Quando regressou à África do Sul, Charlotte Maxeke encontrou um país governado pelos britânicos e que estava a tornar-se cada vez mais segregado. Em 1912, a jovem esteve presente no lançamento do Congresso Nacional Africano (ANC).
Nos anos seguintes, lutou para que a afiliação de mulheres no partido fosse uma realidade, no entanto, não foi bem sucedida. O que fez com que Maxeke fundasse a Liga Feminina Bantu, em 1918, e que mais tarde se tornaria a Liga das Mulheres do ANC.
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